quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Ela... quando o retorno habita.


Ela havia voltado, depois de muito tempo caminhando por estradas desconhecidas. Disse-me que estava de volta para contar o desconhecido, sua viagem em busca da descoberta do seu “EU” havia terminado, e suas respostas já eram suficientes.
Fiquei sem compreender o que aqueles olhos tentavam me contar, no fundo sentia que não queria aceitar tudo o que ela falava. Após dizer o que sabia olhou em meus olhos e disse: - É hora de voar! Eu não estava preparada para tirar meus pés do chão, seria perigoso demais se o fizesse. Eu falei, insisti sobre meu medo, mas minhas palavras, meus gestos pareciam um nada diante daquela determinação.
Disse-me que eu estava presa demais, que precisa conhecer outros mundos diferentes do universo que dentro de mim habitava... Mas meu medo era maior, preferia a constância do mesmo à inconstância do provável. Aquela garota de olhos profundos, de aura sensível, de pensamentos agora concretos convidou pela última vez: - Venha comigo, você sabe voar!
Disse-lhe que não, não estava preparada. Olhou-me profundamente e deu um adeus que para sempre ficará comigo. Mais uma vez ela foi, acredito que neste momento com a certeza de que não queria ter uma chegada certa.
E hoje sei que ela foi, mas ainda é um pouco de mim, se antes ela era a dúvida agora mais do que nunca é a certeza de que eu posso e quero voar, preciso apenas aguardar o dia em que perderei o medo da altura...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

E foi assim...


Quando resolvi dar aquele passo que parecia perigoso, tudo se transformou...
Há um tempo eu havia decidido que ele seria adiado, a proposta de transformá-lo naquele exato momento era para mim perigosa demais e então pedi que o tempo deixasse minha vida ser guiada. Mas os dias haviam mudado, e tudo o que queria ago
ra era falar o que antes não deixei que falassem.
Sentia como se aquele passo fosse decidir minha vida e, decidiria sim. Olhei para aqueles olhos e falei, disse o que me afligia, o que queria, como queria e o porquê daquilo tudo.
Aquele ser dotado de sentimento, cheio de palavras esperando o momento para expressar tudo e um pouco mais, calou. Olhou-me profundamente, como se estivesse lendo cada pensamento que atormentava minha mente, sorriu ternamente e disse:
-É somente isso que quero neste momento, será maravilhoso.
Fiquei pasma, não esperava essa reação, esperava dúvida, espera medo, esperava oscilação. Mas tudo o que vi, tudo o que senti foi certeza, foi alegria, foi serenidade. Como podia? Depois de tanto tempo sem resposta, depois de tanto tempo compreendendo, aguardando pacientemente, aquele ser muito mais que humano, sou
be mais uma vez ser o que eu pensei nunca presenciar: a pessoa certa, no momento certo.
Fiquei ali, sentada. Não consegui reagir, fiquei apenas olhando para aqueles olhos que me fitavam, que me diziam coisas apenas com o brilho que exibiam. Aqueles olhos aproximaram-se de mim, falavam muito, muito mais do que as palavras poderiam explicar, eles se fecharam lentamente e eu senti o calor doce, terno e inexplicável daqueles lábios que tocavam os meus.
Quando resolvi dar aquele passo que parecia perigoso, tudo se transformou...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ela


Ela passou, eu não a vi, mas juro que senti seus passos leves tocando o chão. Era feliz, mas sua alma carregava uma aura pesada de inconstância, eu fui atrás tentando ajudá-la, tentando entendê-la. Mas ao entrar em contato sua confusão tomou conta de mim.
Já nem sabia como agir, o que falar, o que sentir. Ela confundia-me, mas não o fazia propositalmente. Vi no fundo dos olhos daquela garota o que não conseguia ver dentro de mim.
Perguntei para onde ia mas sua resposta foi vaga, olhou para os lados, parou, refletiu e seguiu como se não tivesse certeza qual caminho seguir.
Fiquei ali, parada, visualizando sua caminhada. Pensei em gritar, dizer que parasse para que eu pudesse ajudá-la, mas não o fiz. Aos poucos sua imagem foi sumindo no horizonte, e eu nunca mais pude saber quem era aquela garota, para onde ia, o que procurava...
Hoje sei que ela era muito do que sou, deve estar por ai procurando respostas tanto quanto eu. Ela foi, mas deixou aqui o que em mim ficou...
CAMINHOS...